No ano de 2010, o Brasil produziu 60,8 milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos, quantia 6,8% superior ao registrado no ano anterior e seis vezes maior do que o índice de crescimento populacional apurado no mesmo período.
Ano de 2014. Cidade do Rio de Janeiro. População: 6.429.923 milhões de pessoas, segundo dados do IBGE (2013). Considerando a estatística da geração de lixo bruto per capita para países em desenvolvimento, temos somente na cidade do Rio de Janeiro 3.215 toneladas de lixo todos os dias.
A cidade de São Paulo com seus quase 11 milhões de habitante produz quase o dobro do número carioca. Apenas para compararmos: se considerarmos que a capacidade do estádio do Morumbi é de 900.000 m3, teríamos anualmenteo volume de lixo de 4,3 estádios de futebol para dispor adequadamente todos os anos e somente na capital paulista. O cálculo é rápido e o resultado desastroso, ainda mais se considerando a atual gestão dos resíduos sólidos no pais inteiro e, em especial, nos grandes centros urbanos onde não faltam problemas e o lixo é "apenas" mais um deles.
Outro dado alarmante: cerca de 52,5% do lixo bruto é composto pelo chamado "lixo úmido", com características orgânicas e constituído somente de restos de comida, folhas, cascas de ovos e outros tipos de lixo similares que poderiam ter facilmente outro destino que não os aterros sanitários municipais!
Em 2010, foi enfim publicada e promulgada a Lei 12.305 que oficializou as regras para o gerenciamento do lixo no Brasil: a Política Nacional dos Resíduos Sólidos, também conhecida como PNRS, trouxe instrumentos e mecanismos inovadores, como o da responsabilização compartilhada em todos os membros da cadeia de descarte dos resíduos sólidos, criando a logística reversa para os resíduos perigosos e especiais, por exemplo, onde os fabricantes são obrigados a garantir a correta coleta e destinação dos seus produtos pós consumo. Alguns exemplos disso são os pneus, pilhas, baterias e embalagens de agrotóxicos.
Você sabia que agora você pode cobrar diretamente do fabricante (SAC) a indicação do local correto para descarte dos equipamentos eletrônicos quebrados/ sem uso, por exemplo? Isso é a logística reversa, prevista em lei desde 2010.
Mas retomando a questão da gestão pública dos resíduos: em termos práticos, quais seriam as soluções viáveis para o problema do lixo nas grandes cidades e o que poderia ser feito a curto, médio e longo prazo para regularização dessa questão e melhoria do sistema de destinação e gerenciamento? Investimento. Sim, o bom e velho investimento pesado e maciço em boa vontade para driblar a burocracia brasileira e entraves políticos e o fomento de soluções tecnológicas criativas e economicamente viáveis para otimização e melhoria - contínua - do sistema de gerenciamento.
A cidade de Paulinia, no interior de São Paulo, encontrou uma solução criativa para a otimização das lixeiras da cidades: acopladas a conteineres subterrâneos, aumentou-se a capacidade dos coletores e o período de retirada dos resíduos sólidos - secos e úmidos -, otimizando o uso dos caminhões de lixo, melhorando o sistema e trazendo praticidade à essa etapa. Baseada no formato espanhol com sistema de descarte de resíduo altamente tecnológico implantado e em funcionamento há mais de uma década na cidade de Barcelona, essa é uma versão brasileiríssima para uma das etapas de descarte do lixo e um excelente ponto de partida a ser disseminado.
Eis o comparativo dos dois casos:
Barcelona, Espanha.
Paulínia/ SP, Brasil
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